Todo mundo foi à Flip, menos eu.
Sobre desejo, inveja e a possibilidade de estar no presente. Ou uma carta com mais referências musicais do que eu esperava.
No início deste ano eu fiz um calendário no excel para organizar minhas primeiras férias como CLT. Distribui os 30 dias estrategicamente de forma a aproveitar os feriados e datas importantes como: a entrega do tcc, meu aniversário e a Flip.
Como já sabemos por aqui “a vida não lê agenda”. E mesmo com tudo o que aconteceu desde quando meu contrato desandou e minha planilha se perdeu, eu ainda tentei garantir pelo menos um final de semana em Paraty pra ver todas as escritoras que me inspiraram ao longo desse ano, fazer novas amizades, enfim, curtir a festa.
Fiz a reserva no hostel e aluguei um carro mesmo sem ter confiança pra dirigir sozinha e ainda tentei arrumar companhia pra dividir as despesas. Se tem uma alquimia que desperta em mim quando viajo, é a coragem e a capacidade de fazer amizades que geralmente ficam adormecidas em dias de trabalhar.
Mesmo assim não rolou. Paraty é uma cidade cara, Paraty na FLIP é mais do que eu poderia bancar sozinha. Tive que passar a semana lidando com o fenômeno do FoMO (Fear of Missing Out), que é o sentimento de medo por estar perdendo algo. E nesse caso nem é medo pq eu sabia exatamente o que estava perdendo e o instagram ainda me contava em detalhes aquilo que eu não poderia imaginar, por exemplo, o apagão, a passagem de Conceição Evaristo pelas ruas de Paraty e a minha amiga Carol Casati sendo merecidamente aplaudida como medéiadora.
Atenção! Nem tudo é divino maravilhoso, mas também nem tudo está perdido. A vida fora do feed é assim: o caos e os planos, coisas acontecendo e a gente (pq não quero estar sozinha nessa) insistindo em dizer que isso foi bom e aquilo foi ruim. É tão difícil olhar pra vida e dizer apenas: isso foi.
E como foram os dias em que eu não estive na FLIP? Foram dias em que eu fiz o possível pra me mimar pra compensar a frustração de ter perdido a festa.
Fui visitar minha família em Lorena. Ganhei colo de mãe, vi ela se divertindo com a nova máquina de fazer biscoito e mandando mensagem debochada via pix pro meu irmão. Tive conversa boa com aquela risada que só tenho com a minha irmã e ainda descobri que sou famosa no trabalho dela, mesmo sem entender direito pq. Também pude assistir a primeira apresentação de ballet do meu sobrinho, chorei logo no primeiro rodopio dele no palco e assoviei mais alto que todo mundo na hora dos agradecimentos. Além de toda a energia inabalável que só quatro crianças gritando “Tia Leeeeila!!!” podem me presentear.
É verdade que eu ainda teria amado viver todo o perrengue e glória da FLIP, fiquei com água na boca e feliz demais por cada encontro que vi na timeline (Amigas, me desculpem pelo excesso de coração nos stories!!!). E confesso que no caminho de ida fui combinando comigo mesma de lembrar de registrar os momentos bonitos do final de semana, mas esqueci.
Além disso, não sei se por teimosia ou otimismo, eu também passei a semana toda animada caprichando na minha nova agenda fazendo todos os planos que a vida não vai ler. Inclusive pra Flip do ano vem que, ouvi dizer, vai ser em setembro.
Segue minha lista de quem foram meus olhos e ouvidos FLIP (recomendo nessa ordem):
Podcast, comece por aqui pra se preparar e entrar no clima (eu ouvi dobrando as roupas do varal pra fingir que tava fazendo as malas):
Mediação da mesa mais aplaudida de toda a Flip:
Citações que eu adoraria ter feito no meu caderninho:
Crônica, pra ficar com aquele gostinho de vou querer ver essas coisas de perto no ano que vem: A Flip de cada um - Cidinha Souza
Outras referências que não estavam planejadas, mas pediram para entrar no texto:
Essa música da Betânia que meu pai sempre cantarolava em casa e eu jurava que era do Martinho da Villa: O Circo - Maria Bethânia
Essas outras duas músicas que se infiltraram no texto da newsletter: Eu e Você Sempre - Jorge Aragão (cantada por Diogo Nogueira, mas que eu conheci pelo Exaltasamba) e Divino Maravilhoso - Gal Costa
Esse podcast sobre FoMO que me caiu como uma luva. https://gamarevista.uol.com.br/podcast/podcast-da-semana/andre-alves-as-midias-sociais-sao-incubadoras-da-inveja/